DestaquesMaisFé.org

Sábado ou domingo: quando é o Dia do Senhor?

Para os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. o Dia do Senhor é guardado no domingo, o primeiro dia da semana. Isso faz parte do sinal de um “povo do convênio”, uma marca que simboliza sua devoção e convênio com Deus. Mas, há pessoas que acreditam que o Dia do Senhor deve ser observado no sábado, e isso gera discussões interessantes.

Antes de discutirmos mais sobre o assunto, vamos refletir sobre algo importante. Para discutir qualquer tema espiritual, é preciso ter o desejo sincero de aprender e humildade. Esse aprendizado envolve ouvir com paciência e estar aberto a considerar a verdade, buscando, com calma, uma confirmação espiritual pessoal. 

Então, o objetivo aqui não é criar uma disputa para ver quem está certo. Vamos apresentar uma visão lógica sobre o porquê de guardar o Dia do Senhor no domingo, mas a responsabilidade de encontrar a verdade é individual. Isso só se torna real quando buscamos entender pelo poder do Espírito Santo.

Escrituras e outras fontes confiáveis sobre o Dia do Senhor

A base para essa explicação será a Bíblia, mas também usaremos outros textos sagrados, como o Livro de Mórmon e as palavras dos profetas modernos. Alguns podem questionar a veracidade de fontes além da Bíblia, e tudo bem – não pretendemos responder a tudo sob a ótica de crenças diferentes. 

Vamos compartilhar essa perspectiva como pessoas que crêem nos ensinamentos da minha própria fé. E para quem não compartilha das mesmas crenças, sugerimos ler essas ideias com um coração aberto e uma mente receptiva.

É realmente mais importante entender o princípio que guia o mandamento de guardar o Dia do Senhor do que focar na escolha exata do dia. Esse dia tem um propósito sagrado, com bênçãos e uma dimensão espiritual especial. 

Não queremos desmerecer a importância de seguir a palavra de Deus à risca, mas concentrar-se apenas nos detalhes externos – como datas e regras – sem o foco no espírito do mandamento, pode levar ao fanatismo ou ao ceticismo. O próprio Salvador, em Seu tempo, chamou de hipócritas os que se perdiam em detalhes sem entender o verdadeiro espírito da lei (Mateus 23:23).

Por isso, vamos explorar a doutrina sobre o Dia do Senhor de forma objetiva, lembrando sempre que o propósito do artigo é esclarecer e não entrar em debates desnecessários.

A doutrina e o propósito do Dia Santo

Para explicar a essência do Dia do Senhor usaremos duas citações retiradas dos livros da Igreja. No guia de Estudo das Escrituras, lemos:

“Dia do Descanso – Dia sagrado, reservado na semana para descanso e adoração. Depois que Deus criou todas as coisas, descansou no sétimo dia e ordenou que fosse separado um dia da semana como dia de descanso para que as pessoas se lembrassem dele (Êx. 20:8–11). Antes da Ressurreição de Cristo, os membros da Igreja guardavam o último dia da semana como dia de descanso, como faziam os judeus. Depois da ressurreição, os membros da Igreja, quer judeus quer gentios, guardavam o primeiro dia da semana (o dia do Senhor) para lembrar a ressurreição do Senhor. A Igreja hoje continua a guardar um dia por semana como o dia sagrado de descanso, no qual adoramos a Deus e descansamos dos labores do mundo.

O dia de descanso lembra às pessoas a necessidade de alimento espiritual e o dever de obedecer a Deus. Quando uma nação se descuida da observância do dia de descanso, todos os aspectos de sua vida são afetados e sua vida religiosa decai (Nee. 13:15–18; Jer. 17:21–27)”.

E no manual Pregar Meu Evangelho, aprendemos que:

“Nosso comportamento no Dia do Senhor é uma manifestação de nosso compromisso de honrar e adorar a Deus. Ao santificarmos o Dia do Senhor, mostramos a Deus nossa disposição de cumprir nossos convênios. Todo domingo, vamos à casa do Senhor para adorá-Lo. Enquanto estamos ali, tomamos o sacramento para lembrar-nos de Jesus Cristo e Sua Expiação. Renovamos nossos convênios e mostramos que estamos dispostos a arrepender-nos de nossos pecados e erros.

Nesse dia, descansamos de nossos labores. Ao assistirmos às reuniões da Igreja e adorarmos juntos, fortalecemo-nos uns aos outros. Sentimo-nos renovados renovados pelo convívio com amigos e familiares. Nossa fé é fortalecida ao estudarmos as escritura se aprendermos mais a respeito do evangelho restaurado.

Os santos dos últimos dias devem separar, esse dia santificado, das atividades do mundo, adotando um espírito de adoração, gratidão, serviço e realizar atividades centralizadas na família que sejam adequadas ao Dia do Senhor. Se os membros da Igreja se esforçarem para tornar suas atividades do Dia do Senhor compatíveis com a vontade e o Espírito do Senhor, sua vida se encherá de alegria e paz.” (“Santificar o Dia do Senhor”, Pregar Meu Evangelho, pg. 75)

Deus mudou o Dia Sagrado de sábado para domingo?

Em nossa época guardamos como Dia do Senhor o domingo, que é o primeiro dia da semana. O Manual Princípios do Evangelho explica:

“Até a Ressurreição de Jesus Cristo, Ele e Seus discípulos guardaram o sétimo dia como o dia santo. Após a Ressurreição, o domingo passou a ser santificado e considerado o Dia do Senhor, em lembrança de Sua Ressurreição naquele dia (ver Atos 20:7; I Coríntios 16:2). Daquela época em diante, os seguidores de Jesus passaram a guardar o primeiro dia da semana como o Dia do Senhor. Nos dois casos, havia seis dias de trabalho e um para descanso e devoção. Em nossa época, o Senhor nos deu um mandamento direto de que nós também precisamos honrar o domingo como o Dia do Senhor (ver D&C 59:12).” 

O guia Sempre Fiéis também explica:

“O Dia do Senhor, o domingo, é dedicado semanalmente para descanso e adoração. Na época do Velho Testamento, o povo do convênio de Deus observava o Dia do Senhor no sétimo dia da semana, porque Deus descansou no sétimo dia depois de criar a Terra. Após a Ressurreição de Jesus Cristo, que ocorreu no primeiro dia da semana, os discípulos do Senhor começaram a observar o Dia do Senhor no primeiro dia da semana, o domingo. (Ver Atos 20:7.)” (“Dia do Senhor”, pg. 56-57).

O Manual do Aluno do Seminário – Curso do Novo Testamento, ao comentar Lucas 24:1, que fala da Ressurreição do Senhor do Primeiro dia da Semana observa:

“O primeiro dia da semana no calendário judaico era o domingo. Jesus ressuscitou nesse dia. Depois de Sua ascensão, os membros da Igreja, tanto judeus quanto gentios, santificaram esse dia e o chamaram de o Dia do Senhor. (Ver Atos 20:7; I Coríntios 16:2.)

O Presidente Brigham Young uma vez declarou:

“É verdade que não guardo o Dia do Senhor da maneira estabelecida pela lei mosaica, pois isso estaria quase além de minha capacidade. Contudo, sob o novo convênio, devemos lembrar-nos de santificar um dia da semana como o dia de descanso, em memória do descanso do Senhor e dos santos, e também para nosso benefício temporal, pois foi instituído com o propósito específico de favorecer o homem. Está escrito neste livro (a Bíblia) que o sábado foi feito por causa do homem. É uma bênção para a humanidade. Nesse dia devemos realizar a menor quantidade possível de trabalho; ele deve ser separado como um dia de descanso, para que nos reunamos num local determinado de acordo com a revelação [ver D&C 59:10–12], confessemos nossos pecados, levemos nossos dízimos e ofertas e nos apresentemos diante do Senhor.” (Discursos de Brigham Young, pg. 164).

O Elder James E. Talmage escreveu:

“A Igreja aceita o domingo como o dia de repouso e proclama a santidade desse dia. Admitimos sem argumentar que, sob a lei mosaica, se havia designado e se observava o sétimo dia como o dia santo, e que a mudança de sábado para domingo foi uma particularidade da administração apostólica que se seguiu ao ministério pessoal de Jesus Cristo. De maior importância que a designação deste ou daquele dia da semana é a realidade do dia de repouso semanal que se deve observar como dia de especial e particular devoção no serviço do Senhor. ” (James E. Talmage, Regras de Fé, pp. 405-406 .)

Assim, os santos dos últimos dias, de modo geral, guardam como Sabbath, o primeiro Dia da Semana.

A história do Dia do Senhor

Quando Deus criou a Terra, Ele fez o fez em seis períodos de tempo, e no sétimo, “descansou de toda sua obra” (Gênesis 2:2). No versículo seguinte lemos:  

“E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera”. 

Esse sétimo dia se tornou especial, reservado para descanso e adoração. Mas como os patriarcas daquela época marcavam os dias? Não sabemos como eles dividiam o tempo, e pode ser que não usassem o mesmo calendário que os israelitas dos tempos de Moisés.

Os israelitas antigos, e até os judeus hoje, observam o Dia do Senhor a partir do pôr do sol de sexta-feira até o pôr do sol de sábado. Já para os santos dos últimos dias, o domingo começa à meia-noite e vai até a meia-noite seguinte, o que é prático dentro do calendário atual. 

Assim, conseguimos manter o Dia do Senhor, independentemente da localização – até mesmo para membros que moram em lugares como o Alasca, onde o pôr do sol pode demorar setenta dias para ocorrer devido à posição geográfica.

O significado na Lei de Moisés

Foi por meio de Moisés que o Senhor ordenou aos israelitas que o Dia do Senhor fosse santificado. Em Êxodo, está escrito

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho”. 

Esse mandamento incluía uma recordação especial escrita em Deuteronômio 5:15:

“Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus. (…) Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o SENHOR teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o SENHOR teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado”. 

Então, o Dia do Senhor passou a ser um tempo de lembrar a libertação do povo de Israel do Egito. Os nefitas, que também observavam a lei de Moisés, guardavam o Dia do Senhor no sábado e “esforçavam-se por guardar a lei de Moisés e santificar o sábado do Senhor” (Jarom 1:5).

A lei cumprida por Cristo

Com a vinda de Cristo, a Lei de Moisés foi cumprida e já não era mais obrigatória para o povo de Deus. Paulo explicou que essa lei foi como um “aio para nos conduzir a Cristo”, mas, com o cumprimento da lei, esse “aio” se tornou desnecessário.

Cristo percebeu que o sábado havia sido transformado em um conjunto de regras rigorosas, e comentou: 

“O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor” (Marcos 2:27-28). 

Jesus enfatizou que Ele mesmo veio para “cumprir” a lei, e não para “destruir a lei ou os profetas” (Mateus 5:17).

O Élder Le Grand Richards explicou: 

“Uma vez que Jesus veio para cumprir a lei, por que então alguns procuram ainda retê-la? Por que não preferem aceitar o que Jesus trouxe para tomar o lugar da lei, e que inclui o novo sábado, o primeiro dia da semana, ou o dia do Senhor (domingo), dia em que Jesus levantou da sepultura? ‘O dia do Senhor’ é o dia que Ele indicou aos santos desta dispensação para adoração” (Uma Obra Maravilhosa e um Assombro, “O Dia Santificado”, pg. 320).

Com isso, o domingo passou a ser o Dia do Senhor na era cristã, relembrando a ressurreição e o triunfo de Cristo sobre a morte e o pecado.

Fontes bíblicas que atestam a mudança do Dia do Senhor

Existem passagens no Novo Testamento que demonstram a mudança do Dia do Senhor do sábado para o domingo. Em Atos 20:7, lemos: 

“E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite.” 

Essa escritura indica que os discípulos se reuniam para adorar e partilhar o sacramento no primeiro dia da semana. No texto original grego, “πρωτη ημερα της εβδομαδος” refere-se ao “primeiro dia da semana”, que é o domingo.

Outra referência significativa é encontrada em I Coríntios 16:2, que foi escrita muitos anos antes de Atos e também antes dos evangelhos. Lemos: 

“No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.” 

Nesse versículo, Paulo orienta que as ofertas para Jerusalém fossem recolhidas no domingo. Essa orientação indica o uso do primeiro dia da semana como um dia especial de adoração e serviço.

Quando os judeus se convertiam ao cristianismo, deixavam muitos costumes e práticas de lado. Portanto, para eles, adotar um novo dia sagrado na semana não era estranho, pois entendiam que Cristo havia instituído um novo convênio. Paulo se referiu a isso ao instituir o sacramento:

“Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”. 

E Paulo reforçou essa transição ao dizer que Cristo nos fez “ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica”. 

Essa mensagem era dirigida aos recém-conversos da Igreja que ainda tinham dificuldades em abandonar práticas tradicionais.

Sabendo que os santos conversos seriam criticados pela mudança do sábado, Paulo aconselhou

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados”. 

Há também uma profecia do Velho Testamento, em Oséias, que prevê o fim dos sábados de Israel: 

“E farei cessar todo o seu regozijo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades”.

Na Bíblia grega, o primeiro dia da semana é chamado de sábado em oito ocasiões, levando-nos a refletir: por que o primeiro dia seria chamado de sábado se não fosse realmente um novo sábado? 

Os primeiros cristãos entenderam que o dia de descanso se converteu no Dia do Senhor, o domingo, como um novo sábado, refletindo a nova aliança em Cristo e a ressurreição que Ele trouxe ao mundo.

Conclusão

A mudança do sétimo para o primeiro dia foi instituída por revelação divina. Nós guardamos o domingo porque Deus nos ordenou

“E para que mais plenamente te conserves limpo das manchas do mundo, irás à casa de oração e oferecerás teus sacramentos no meu dia santificado; Porque em verdade este é um dia designado para descansares de teus labores e prestares tua devoção ao Altíssimo; Contudo teus votos serão oferecidos em retidão todos os dias e em todos os momentos; Lembra-te, porém, de que no dia do Senhor oferecerás tuas oblações e teus sacramentos ao Altíssimo, confessando teus pecados a teus irmãos e perante o Senhor”.

Embora Êxodo 31:17 declare que o Dia do Descanso é “um sinal para sempre” entre Deus e Israel, é importante compreender o significado de “perpétuo”. 

Aqueles que defendem que perpétuo implica inalterabilidade ignoram que, ao longo do tempo, certos mandamentos foram adaptados conforme a vontade de Deus. Assim como a circuncisão, chamada de “aliança perpétua” (Gênesis 17:13), deixou de ser uma exigência, o mandamento de guardar o Dia do Senhor no sábado também foi cumprido em Cristo.

O princípio do Dia do Senhor permanece eterno e essencial, sendo um sinal distintivo e eterno do povo de Deus. Embora o dia específico possa mudar conforme a sabedoria divina, a necessidade de dedicar um tempo sagrado para adorar o Senhor permanece inalterada.

Veja também: Como tornar o Dia do Senhor mais especial: 3 dicas simples

Posto original de Maisfé.org

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *