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Como mãe e pais solo abençoam a Igreja

Estou criando dois adolescentes sozinha, e eles são a única razão pela qual frequento a Igreja“, declarou uma mulher, a quem chamarei de Ana. Nessa breve e ousada apresentação, senti dor e desconforto. 

Seu cabelo estava preso com firmeza na parte de trás da cabeça, e uma expressão séria preenchia seu rosto. Percebi que ela não estava certa do motivo pelo qual tinha sido convidada para a reunião em que nos encontrávamos. 

Seu tom e linguagem corporal sugeriam que talvez, por muito tempo, ela tivesse se sentido julgada por causa de suas circunstâncias e estado civil. Percebi uma dor profunda em seu coração e um anseio por pertencimento.

Era um dia de sábado na Argentina. Os líderes locais haviam organizado um encontro logo após as reuniões regulares de domingo da Igreja.

Seu propósito era para que eu, na época membro da Presidência Geral da Sociedade de Socorro, tivesse uma conversa aberta com um grupo de cerca de doze irmãs de várias idades e origens diferentes.

“Sou grata por tê-la entre nós”

Minha sincera resposta à introdução de Ana foi: “Essa é provavelmente uma das melhores razões para você estar aqui, Ana. Seu amor por seus filhos é um motivo lindo para você vir. Sou grata por tê-la entre nós.

Conforme a conversa continuava e eu conhecia os desafios, oportunidades, forças e milagres daquelas irmãs, e conforme conseguíamos nos aconselhar juntas, o rosto de Ana começou a relaxar. Eu podia ver que ela estava sentindo o verdadeiro espírito do encontro, porque ela ocasionalmente participava da conversa.

No final da reunião, dei um abraço sincero em Ana e disse a ela: “Obrigada por vir, Ana. Seus comentários foram perspicazes e inspirados. Admiro sua determinação em levar seus filhos a Cristo e ser um exemplo para eles. Espero que você saiba que é necessária em Sua obra. Precisamos de sua fé no Salvador, sua força e sua perspectiva.

Naquela noite, falei em um devocional para os jovens na mesma cidade. Depois que o devocional cheio do Espírito terminou, uma irmã veio até mim e disse: “Irmã Aburto, tenho algo para você e seu marido na cozinha.” 

Ela estava com um grande sorriso no rosto e cabelos longos e cacheados. Sua expressão era calorosa e radiante. Meu marido, Carlos, e eu a seguimos até a cozinha, onde ela compartilhou conosco a tradicional bebida mate e alguns quitutes deliciosos que ela havia feito com amor.

Após vários minutos desfrutando daquela refeição deliciosa, finalmente percebi que ela era Ana, a mesma irmã que eu havia conhecido mais cedo naquele dia! 

Ela parecia tão diferente que levei um tempo para reconhecê-la. Ela estava radiante e feliz pela oportunidade de nos oferecer aquela adorável oferta.

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Um lugar no plano de Deus e na Igreja para mães e pais solo

Me identifico com Ana de maneira pessoal porque entrei para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias logo depois de me separar de meu primeiro marido. Eu tinha um filho de três anos na época e procurava desesperadamente uma maneira de criá-lo em um ambiente de fé em Deus e em princípios justos. 

Fortes tempestades assolavam-me e à nossa pequena família, e eu tinha a verdadeira intenção de construir o nosso lar sobre um alicerce firme, sobre a rocha de Cristo.

Fui abençoada por encontrar uma comunidade de Santos na Igreja que abraçou a mim e a meu filho, e onde fomos levados ao Salvador, “nutridos pela boa palavra de Deus” e tivemos oportunidades de servir.

Ao visitar unidades da Igreja em muitos lugares do mundo em designações para meu chamado, conheci muitas mulheres e homens que, como Ana, criavam os filhos em uma família uniparental. 

Na verdade, esses representam uma elevada percentagem de membros da Igreja em todo o mundo, conforme expresso pelo Presidente M. Russell Ballard quando salientou que “mais de metade dos adultos na Igreja hoje são viúvos, divorciados ou ainda não casados”.

Talvez devido à nossa justa busca pessoal e coletiva de uma vida familiar ideal — algo que muitos de nós não temos — alguns pais solo possam sentir que não têm muito a contribuir para a obra de Deus.

Pode ser interessante: Me sinto deslocada na igreja por ser mãe solo. Como posso lidar com esse sentimento?

O acesso à graça de Cristo

No entanto, graças às diferentes circunstâncias e experiências pelas quais todos passamos e tivemos na vida, cada um de nós tem uma perspectiva única que é valiosa e necessária em nossos esforços para seguir o Salvador e Seu evangelho. O Presidente Ballard ensinou lindamente:

“Alguns se perguntam sobre suas oportunidades e seu lugar no plano de Deus e na Igreja. Devemos compreender que a vida eterna não é simplesmente uma questão de estado civil atual, mas de discipulado e de ser ‘valente no testemunho de Jesus’. [Doutrina e Convênios 76:79]. A esperança de todos os solteiros é a mesma de todos os membros da Igreja restaurada do Senhor: acesso à graça de Cristo por meio da ‘obediência às leis e ordenanças do Evangelho’ [Regras de Fé 1:3]. Assim como acontece com cada um de nós que somos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, nossas contribuições são únicas e importantes.”

Quando Jesus Cristo esteve na Terra, Ele convidou todos a irem a Ele. Ele chamou todos para Sua obra: ricos e pobres, homens e mulheres, jovens e velhos, e todos com um coração disposto, humilde e fiel.

Ele viu Zaqueu, que havia subido em um sicômoro para poder ver o Senhor enquanto Ele passava. Embora Zaqueu não fosse um homem popular, Jesus permaneceu em sua casa e ministrou-lhe. O Senhor também convidou diversas mulheres da Galiléia para segui-Lo e permitiu que elas ministrassem a Ele.

Testemunhei o impacto único e importante que pessoas de diferentes tipos de vida têm na obra de Deus, nas suas famílias, na Igreja e nas suas comunidades, especialmente aquelas que criam filhos sem cônjuge.

Ter empatia e compreensão

Por estarem navegando pela vida de uma maneira única, elas desenvolveram uma capacidade específica de receber orientação do céu por meio do Espírito Santo. Elas também são capazes de sentir empatia por outras pessoas em circunstâncias semelhantes e de ministrar a elas com um grau especial de sensibilidade.

  • Mães e pais solo compreendem a importância de ajudar a cuidar das famílias uns dos outros. Conheço uma mãe solo que formou um grupo de mulheres em circunstâncias semelhantes que se ajudavam mutuamente, revezando-se no cuidado dos filhos para poder frequentar aulas noturnas ou outras atividades.
  • As famílias uniparentais são exemplos de como chegar aos outros e construir redes de apoio para si e para os seus filhos. Um pai solo se ofereceu como técnico de futebol com a intenção de ampliar o círculo de amigos dele e seus filhos.
  • Mães e pais solo tendem a ser ouvintes compassivos e de mente aberta. Uma mulher divorciada procurou oportunidades de visitar mulheres recentemente divorciadas para ouvi-las e dar-lhes apoio.
  • As experiências únicas de mães e pais solo permitem-lhes oferecer apoio aos outros com empatia e compreensão. Uma mãe solo voltou para a faculdade após o divórcio para se tornar uma terapeuta especializada em aconselhar homens e mulheres divorciados.

Então, desde aquele sábado na Argentina, tenho me perguntado o seguinte: O que poderia ter provocado uma mudança tão drástica na atitude de Ana naquele dia? O que a ajudou a sentir que suas contribuições eram valorizadas e que ela era aceita como parte de algo importante? 

Existe algo que cada um de nós poderia fazer para garantir que pais como ela, que criam os filhos sozinhos, saibam que valorizamos as suas contribuições e perspectivas únicas à medida que todos procuramos coligar Israel em preparação para a Segunda Vinda do nosso Salvador?

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Exemplos de como ser mais inclusivo com mães e pais solo

Será que cada um de nós poderia fazer um esforço consciente para falar com uma linguagem mais sensível na Igreja, de uma forma que não implique que estamos todos na mesma fase da vida e a ter as mesmas experiências?

  • Se você foi criado por um pai/mãe solo ou foi pai/mãe solo, mencione esse fato ao compartilhar sua história de fé. Ao fazer isso, outras pessoas em situações semelhantes perceberão que não estão sozinhas e poderão ter coragem de compartilhar sua própria história.
  • Esteja atento às diferentes circunstâncias da vida em que outras pessoas podem se encontrar e tente incluí-las em suas lições, comentários e interações.
  • Ao pensar ou discutir sobre famílias em que a mãe cria os filhos sozinha, reconheça que, mesmo que não haja um portador do sacerdócio no lar, por causa dos convênios sagrados que ela fez com Deus e por meio de sua retidão, “desses convênios sobre ela flui uma investidura do poder do sacerdócio”, como ensinou o Presidente Russell M. Nelson.
  • Se você foi abençoado por uma família mais próxima do ideal, evite agradecer em público de uma forma que possa magoar outras pessoas em circunstâncias diferentes. Por exemplo, considere evitar palavras que coloquem famílias formadas por pai e mãe em um pedestal.

Juntemo-nos ao Presidente Ballard ao convidar Ana e outras pessoas em situações semelhantes a “nunca esquecer que você é um filho de Deus, nosso Pai Eterno, agora e para sempre. Ele ama você, e a Igreja quer e precisa de você. Sim, precisamos de você! Precisamos de suas vozes, talentos, habilidades, bondade e retidão.”

Por fim, ao continuarmos a procurar maneiras de convidar outras pessoas a achegarem-se a Cristo e a receberem Sua graça redentora, lembremo-nos de que nosso Salvador:

“convida (…) todos a virem a ele e a participarem de sua bondade; e não arepudia quem quer que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher; e lembra-se dos bpagãos; e ctodos são iguais perante Deus, tanto judeus como gentios”.

Fonte: LDS Living

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